Valença poderá ganhar um presente de aniversário: a reabertura do Teatro Municipal
Entrega da obra de restauração tem prazo para 10 de novembro - nos seus 174 anos de emancipação política.
Ontem (20/09), teve um bate papo sobre o lançamento dos editais Mãe Mira e Henrique Roza – da Lei Paulo Gustavo – na Prefeitura de Valença, com as presenças do prefeito Jairo, de membros da Secretaria Municipal de Cultura, de veículos de imprensa, de representantes dos Conselhos Municial e Estadual de Cultura, de fazedores de cultura e outros.
Na coletiva de imprensa, o Secretário de Cultura de Valença, Gugui Martinez, foi perguntado sobre a previsão de funcionamento do Teatro Municipal. A resposta foi animadora: que projetos aprovados pela Lei Paulo Gustavo têm a chance de serem apresentados lá, já que o cronograma das fases finais dos editais coincidem com a entrega do prédio.
A reativação do teatro é uma das ações mais aguardadas pelos fazedores de cultura.
Gugui disse que acompanha a restauração do teatro de perto, junto ao Conselho Municipal de Cultura, e que a abertura poderá acontecer em 10 de novembro, dia do aniversário da cidade. “Essa é a previsão. Acredito que o prazo será cumprido pelos responsáveis”, disse o secretário.
A obra acontece devido ao cumprimento de um TAC – Termo de Ajuste de Conduta – por um empresário local, como contrapartida pela demolição de um dos casarões da Praça da República, patrimônio também tombado, cuja preservação da sua originalidade arquitetônica era obrigatória por lei.
A derrubada do imóvel, na época, fez com que o Conselho Municipal de Cultura propusesse o TAC (que recomenda a restauração completa de outro bem tombado) como compensação pelos danos ao patrimônio histórico e cultural de Valença.
Hoje funciona uma farmácia no lugar, sem nenhum resquício do antigo casarão que foi abaixo há alguns anos.
A restauração do teatro está em fase final, já nos últimos detalhes, e a devolução de mais este prédio histórico será um grande presente de aniversário pelos 174 anos de emancipação de Valença. A partir daí o Conselho de Cultura, que é o tutor do prédio, em parceria com a Prefeitura de Valença, manterá o equipamento cultural aberto e cuidará da programação de eventos e desenvolvimento de projetos.
TEATRO MUNICIPAL DE VALENÇA
Por Rosângela Góes: pesquisadora sobre a história de Valença
NA PRAÇA DA REPÚBLICA, eixo central de Valença, dormita o prédio remanescente do TEATRO MUNICIPAL, construído em 1910, pelos donos da Companhia Valença Industrial, para atrair espetáculos da capital da Bahia e do sul do pais, e, dessa forma, movimentar a incipiente vida cultural de Valença, naquele que foi o ciclo desenvolvimentista das primeiras décadas do século XX, com a presença da fábrica de tecidos.
O teatro é um imponente casarão que permanece fechado e, atualmente, passa por reforma, com previsão de reabertura no próximo dia 10 de novembro, aniversário de Valença.
A construção do Teatro Municipal esteve a cargo do engenheiro baiano Antônio Frederico de Lacerda, o mesmo do Elevador Lacerda, na capital. De estilo neoclássico, o prédio reunia a sociedade valenciana e representou a efervescência cultural da cidade de 1910 a 1960. Passou por algumas reformas que modificaram muito sua estrutura e estilo, atingindo principalmente a parte física interna, além de grilada a área do terreno que possibilitaria sua ampliação.
A decadência veio a partir da década de 1970, quando o prédio passou a ser ocupado para diferentes finalidades. Ali também serviu de estúdio para a primeira rádio de Valença, durante aproximadamente duas décadas. Fechado e decadente por mais de 60 anos, chegou a ser ameaçado de demolição para dar lugar a um prédio comercial, provando que a especulação imobiliária tem prevalecido sobre o valor da cultura e do patrimônio arqutetônico da cidade.
O Teatro Municipal de Valença, localizado na área nobre urbana é um patrimônio material desconhecido e, por isso, desvalorizado por uma populacão que não pode amar o que não conhece.
A partir de agora, a história pode mudar.