Alan Sanches reforça desejo de alçar voos para Câmara dos Deputados e avalia período na liderança da oposição na AL-BA

Com a chegada do recesso parlamentar de final de ano, o Bahia Notícias conversou com o deputado estadual Alan Sanches (União), agora ex-líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), para realizar um balanço das ações da bancada na Casa Legislativa e projetar a segunda metade da legislatura.

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Na pauta, o parlamentar comentou o processo de transição da liderança da minoria, que passa a ser ocupada por Tiago Correia (PSBD), falou sobre seu projeto pessoal de chegar na Câmara dos Deputados e fez críticas ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT).

 

Confira a entrevista na íntegra abaixo:

 

Com a definição da nova liderança da Oposição na AL-BA, o nome do deputado Tiago Correia, como a bancada deve atuar a partir de 2025 enquanto bloco? E já aproveitando, fala um pouco dessa transição na liderança?

Quando eu assumi a oposição, a gente assumiu no pior momento da oposição, foi justamente o início de 2023. Porque era um governo recém-eleito, de um governador que não era conhecido, ninguém sabia o trabalho, então eu acabei assumindo no momento mais difícil da oposição. Mas acredito que tenha conseguido fazer o papel com as críticas necessárias para que a gente pudesse estar pontuando os erros no projeto do governo Jerônimo, mas foi muito difícil porque toda vez que você tem um governo recém-eleito e para o primeiro mandato as pessoas tem uma expectativa de muitas coisas positivas, então se você começa já a fazer críticas vai dizer que é voz de perdedor, e que não era mas graças a Deus eu acho que a gente conseguiu pontuar bem esses dois anos.

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Chegando aos dois anos, eu acho que eu dei minha contribuição. Eu estou com um projeto para ir para a Câmara Federal e preciso agora me dedicar a isso. E já dei minha contribuição à oposição por dois anos. A partir daí nós tivemos dois colegas que a gente acabou indo para o consenso e conseguimos fechar em torno de um nome, que foi o nome de Tiago Correia. Tiago também tem muita experiência, já foi vereador, já foi presidente da Limpurb, tem uma experiência em gestão por ter passado lá. É um político experimentado e eu não tenho dúvida que vai poder fazer um grande trabalho na oposição, sempre sendo a voz de Bruno, sendo a voz de ACM Neto e da oposição. Eu acho que essa ligação que a gente tem com Bruno, com Neto, que são os grandes líderes da oposição, eu acho que você acaba repercutindo isso. E Tiago tem uma ligação também grande com eles e não tenho dúvida que será um trabalho semelhante ao que a gente vem fazendo, pontuando as necessidades de avanço no projeto do PT.

 

Deputado, fala um pouco mais sobre o processo de escolha do novo líder, existia outro nome que se colocava nesse processo com mais intensidade, o deputado Samuel Júnior. Algum ponto de tensão ainda precisa ser sanado dentro do grupo?

Zero, nenhum, em momento nenhum houve tensionamento. Os dois se colocaram, tinham chance, tinham potencial, mas acabou pelos acordos que já tinham sido firmados políticos no passado, Samuel já tinha assumido espaço na mesa e dessa vez Tiago, tinha essa prerrogativa de ser o preferido, então foi isso que aconteceu e a gente compôs e o Samuel vai continuar como representante do bloco na mesa.

 

Um assunto em específico na Casa é a PEC apresentada pelo deputado Manuel Rocha, que permite que parlamentares estaduais possam assumir secretarias municipais. O que faltou para ela ser votada antes do recesso?

 

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O governo do estado não concordou, porque sabia que ia beneficiar a Pablo [Roberto]. Era o intuito realmente dele se licenciar e ser vice sem perder o mandato, mas o governo do estado, até por causa de um revanchismo, porque Pablo foi fundamental na eleição de Zé Ronaldo foi fundamental e eles ficaram ressentidos com Pablo e não fizeram o gesto. Não tenho dúvida que foi isso.

 

O que tem no horizonte, não só da Oposição, mas dos deputados como um todo, para ser pautado ao longo do ano que vem?

O que eu vejo é que vai ser um ano extremamente quente, que é pré-eleitoral e o governo do estado ainda não tem uma marca. O governo Jerônimo não tem uma marca definida, ele absorveu as promessas do governo Wagner e do governo Rui. O VLT de Rui e a ponte de Wagner. Então, efetivamente de projeto, ele não apresentou uma obra grande, de impacto, em nossa cidade. Já tem dois anos, falta um ano e meio de governo e você não tem. Tem pequeníssimas obras, eu diria que é um governo tamanho N tamanho nanico, um governo nanico enquanto o outro dizia que era tamanho G hoje Jerônimo apresenta um governo N. A marca do governo Jerônimo é a simpatia dele pelo interior, mas simpatia só não muda a vida das pessoas, precisa muito mais do que a simpatia, precisa fazer as entregas necessárias para a gente colocar a Bahia onde ela merece.

O que mudou na regulação? A Roberta, secretária, se preocupou muito mais em visitar e fazer política principalmente nesse período eleitoral do que qualquer outra coisa. Entregou um hospital ortopédico, um hospital bacana, mas que não mudou absolutamente nada a nossa fila da regulação. Você continua com os mesmos problemas, as mesmas dificuldades para operar, os doentes sofrendo da mesma forma. A gente precisa fazer uma gestão de leitos e eles não conseguem e não conseguiram até agora fazer a gestão.

 

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Um dos principais assuntos para o início do ano que vem é a eleição para a mesa diretora da AL-BA e a perspectiva para recondução do presidente Adolfo Menezes. Saber do senhor o andamento dessa pauta na casa e se Adolfo é o seu candidato.

Vamos ser claros, Adolfo é o candidato de todos, só não será do PSOL. Mas o que todos questionam é se ele terá condições jurídicas para se manter. Se ele mantiver, ele é o candidato de todos nós. Ele terá com 61, 62 votos dos deputados. Só não terá o voto do PSOL ao meu ver. Se a gente não conseguir a manutenção de Adolfo, é um outro problema que ainda não se discutiu. Não será o primeiro vice que será o presidente automático, tenha certeza que não, então isso será discutido. Posso lhe afirmar que não aceitaremos, a oposição, que o primeiro vice seja automaticamente o presidente. Isso ainda vai ser colocado. E a eleição foi chamada para o dia 3 de fevereiro, não será dia 1º.

 

Aproveitando esse gancho político, o senhor falou de um ano pré-eleitoral, as peças do tabuleiro político já começam a se mexer pensando em 2026. E você como um ator político, qual cenário projeta para a próxima eleição, em especial para o governo da Bahia? E o que a ACM Neto, caso seja candidato, deve fazer para talvez não repetir os erros de 2022 e sair vencedor desse pleito, derrotando o PT depois de tanto tempo aqui no Estado?

Primeiro que a gente já tem a nosso favor a fadiga do material. Todas as pessoas começam a cansar desse projeto. É um projeto que vai chegar em 2026 com 20 anos. E a gente sabe que pode muito mais. As pessoas começam a perceber que a gente pode mais. Você não pode viver nessa insegurança louca, e você não vê um horizonte, uma mudança de paradigma, você não vê uma modificação, um planejamento diferente. O governador se esconde. Tivemos um problema sério com a BYD e o governador mais uma vez se esconde. É um problema seríssimo de direitos humanos, você trazer chineses para escravizar aqui, e veja que Jerônimo não deu uma linha a esse respeito. A partir desse momento você fica com dificuldade de acreditar num governante que se esconde, sente falta de um grande líder batendo no peito e chamando para si a responsabilidade e mostrando as soluções.

 

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Eu acho que pode ser, inclusive, que aconteça o efeito Biden: a retirada de Jerônimo por ser um candidato fraco que chegue sem condições para uma disputa eleitoral e eles escalarem um outro personagem que não Jerônimo. E do nosso lado quem se coloca com todas as prerrogativas é ACM Neto. Bruno Reis se transformou, mais uma vez, consolidou uma grande liderança, mas Bruno está com mandato. Bruno teria que abrir mão de dois anos e oito meses de um mandato de uma prefeitura de Salvador para ser candidato. E a gente tem um outro do mesmo tamanho de Bruno, que é ACM Neto, que não tem mandato, que não vai precisar abrir mão. A lógica diz que o candidato será o ACM Neto. Além disso, veja que criamos lideranças políticas muito consolidadas nos municípios. Eu vou lhe dar dois exemplos. Um já é consolidado, que é Zé Ronaldo, mas vou lhe dar mais dois exemplos: Sheila Lemos, de Vitória da Conquista, com a votação e um conhecimento da região do Sudoeste muito grande. E nós temos Zé Cocá, também com a cara do municipalismo, que agrega ao nosso grupo. Eu acho que a gente tem uma forma muito importante, uma chance muito importante de virar esse jogo. É claro que quem está no poder sai na frente.

Falando de 2026 a influência, como sempre tivemos, do governo federal e hoje está batendo biela o governo federal, se continuar assim, vai chegar enfraquecido. Lula chegou como um salvador contra o Bolsonaro, que Bolsonaro comunicava muito ruim fez um governo bom, mas a comunicação era ruim, e isso acabou repercutindo no governo dele. E Lula, como um cara que sabe falar muito bem, populista, fala o que as pessoas querem ouvir, só que a partir do momento que ele ganhou, as pessoas tinham expectativa de que mudasse a vida das pessoas. E não houve mudança, houve piora. Você vê que a economia não está boa, não está positiva, e isso reflete. Quem manda numa eleição presidencial é a economia do país. Então, a gente vai chegar com a possibilidade da influência de Lula no cenário nacional menor do que foi em 2022.

 

Outro assunto que ganhou repercussão esse mês foi a Operação Overclean. E o que a gente escuta é que há clima de tensão dentro do União Brasil, e isso principalmente pela suposta participação do empresário Marcos Moura no esquema, ele que inclusive é membro do diretório nacional. Houve uma recomendação do partido sobre a melhor forma de lidar com essa crise? Que tipo de postura os deputados devem adotar diante da operação?

Eu acho que hoje já tranquilizou tudo. A gente quando vê pessoas supostamente envolvidas, pessoas que a gente conhece, você fica realmente preocupado, inclusive com a pessoa. Mas a justiça inclusive já liberou eles para prisão domiciliar, com uso de tornozeleira. A gente fica porque todos nós conhecemos, eles são pessoas conhecidas do convívio de todos nós, amigos de todos, quem não conhece Marcos Moura na Bahia? Todos conhecem, então todo mundo fica apreensivo, mas eu tenho certeza que será tudo esclarecido da melhor forma possível, não tenho dúvida disso.

 

Foi um dos motivos que teria dado um freio na escolha da nova liderança do União Brasil na Câmara dos Deputados com a saída de Elmar Nascimento? Qual o clima em relação a esse assunto?

Eu acho que houve um tensionamento, é um espaço importante, a liderança é importante, a liderança do partido, e quando eu procurei saber disseram que preferiu adiar, mas não acredito de forma alguma que tenha sido esse motivo, não acredito. O motivo foi tensionamento, as pessoas querem um pouco de mais tempo, os interessados querem um pouco de mais tempo para poder conversar, são quase 60 deputados, então é um espaço de poder muito importante. É quem fala pelo partido, quem fala pelos 60, quem decide, quem vai estar nas reuniões é o líder do partido, então isso é um espaço de poder muito importante e que como não havia um consenso para que se evite bate-chapa, preferiram mais tempo para que a gente possa consolidar um nome de consenso para liderar a bancada federal.

 

Bahia Notícias

 

 

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